Fim da programação: Fala de CEO da Nvidia assusta programadores

Declaração feita por Jensen Huang, CEO da Nvidia, durante sua participação no World Government Summit no último dia 1º, movimentou o mundo da programação. Na ocasião, Huang expôs uma opinião que contraria senso comum e abre margem para que iniciantes e interessados tenham receio de investir em uma carreira na área pela suposta iminência do fim da programação.

Entenda, a seguir, o que há por trás da fala do executivo e a perspectiva de Roger Santos, CTO da Refatorando com mais de duas décadas na TI.

Ascensão das IAs trará o fim da programação?

A fala de Jensen originou-se da seguinte pergunta: “Em que as pessoas deveriam focar quando o assunto é educação? O que elas devem aprender? Como devem educar seus filhos e sociedade?”. Antes de iniciar sua resposta, o CEO se demonstrou impressionado com a pergunta, ao passo que disse:

Quero dizer algo que soará totalmente oposto ao que as pessoas pensam. Vocês provavelmente se lembram que, nos últimos 10 e 15 anos, quase todo mundo que se sentou em um palco como esse diria que é vital que seus filhos aprendam Ciência da Computação. Todos deveriam aprender como programar. E, na realidade, é quase que o extremo oposto.

A partir deste início já é possível compreender a apreensão de iniciantes e profissionais da programação, uma vez que é possível interpretar que o CEO está anunciando o fim da profissão. Ainda, ele continua:

É nosso trabalho criar tecnologias para que ninguém precise programar, e que a linguagem de programação seja humana. Atualmente, todos no mundo são programadores. Este é o milagre. Este é o milagre da inteligência artificial.

A evolução da programação

A partir da repercussão da fala do CEO, Roger Santos, profissional da TI há mais de 20 anos e CTO da Refatorando, contribuiu para o assunto. Em novo vídeo para nosso canal do YouTube, ele explica seu ponto de vista. De acordo com ele, no futuro, a escrita de códigos propriamente dita talvez, de fato, não seja mais como é hoje. A fim de explicar sua fala, ele retorna ao passado da programação.

Assim, Roger relembra o início da programação através de cartões perfurados e linguagem binária, partindo para as linguagens de baixo nível, até chegar nas linguagens de programação como conhecemos hoje (PHP, Java, .Net e outras).

Representação de cartão perfurado, considerado o princípio da programação, a fim de exemplificar que a evolução da forma de se programar não representa o fim da programação.
Fonte: Museu de Tecnologia da Unoeste

Assim, Roger também utiliza de exemplos e relatos de sua própria trajetória como programador e explica:

Hoje em dia, a grande maioria dos desenvolvedores não sabe o que é programar de fato. Não sabe o que é escrever um código pensando na computação mesmo. (…) Tem muito dev hoje em dia que não entende o código que está fazendo, porque pede para a IA, a IA entregou o código, ele testa e se não funcionar pede de novo, testa de novo e assim ele fica debugando prompt ao invés do código que está escrevendo.

O fim da programação como conhecemos

De acordo com Roger, o próximo passo seria algo muito mais próximo de uma linguagem natural, cada vez mais próxima da linguagem humana, possibilitando a conversa com a máquina, o que corrobora a ideia de Jensen. Entretanto, diferente do CEO, ele explica:

A nossa função [enquanto programadores] é resolver problemas, e a IA não vai resolver os problemas sozinha.

Ainda vale a pena aprender programação?

A partir dessa reflexão, é possível que você se questione: “Por que eu vou aprender programação hoje se, daqui a algum tempo, isso não vai mais existir dessa forma?”. Com isso, Roger explica que, da mesma forma como outras linguagens de programação foram deixando de existir e os desenvolvedores foram evoluindo de acordo com a linguagem, o que é natural. Ainda, ele traz o exemplo das tendências “Low Code” e “No Code”, que possibilitam o desenvolvimento de interfaces com pouco ou nenhum uso de programação de código. Com isso, ele explica que, apesar disso, tais tendências ainda necessitarão do apoio de profissionais de outras áreas da TI para a execução completa do projeto.

Para finalizar, Roger aconselha: “Não tenham linguagens de estimação. A tecnologia evolui. O importante é vocês entenderem os conceitos, os fundamentos, as bases. Assim, independentemente do caminho que for, vocês estarão bem”.

Confira o vídeo completo:

Conclusão

Apesar de haver muita especulação e receio acerca do futuro da programação, a declaração do CEO da Nvidia não é sinônimo do fim da profissão. Ainda, não é a primeira vez que a área passa por uma transformação tão transformadora como essa. Ao analisar a trajetória da profissão nas últimas décadas é possível perceber a constante mudança no mercado que, ainda assim, se mantém relevante e altamente benéfico para seus profissionais.

Dessa forma, a recomendação é não apegar-se somente a uma linguagem, e sim entender a lógica por trás da programação. Assim, a ascensão das IAs não significará a extinção da sua profissão, apenas uma evolução que pode facilitar, e muito, o seu trabalho.


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